Tempus de Dia das Mães
No segundo domingo do mês de Maio é celebrado no Brasil o "dia das mães", uma data de apelo comercial que busca presentear aquelas que são responsáveis por gerar vidas e cuidar delas.
No entanto, nem tudo são flores e um dos espinhos que marcam muitas mulheres é a criação solitária/solo dos filhos e filhas, e isso nos faz repensar o papel do feminino como um todo na sociedade, o segundo sexo, como bem colocou Simone de Beauvoir.
Por isso, numa data tão celebrada pensemos: há mesmo o quê comemorar? O que celebrar numa data cuja as protagonistas ainda sofrem, choram, aguentam? Acumulam papéis, trabalham e criam seus filhos?
Ser mãe, para mais da metade das brasileiras é uma tarefa desafiadora, uma vez que de acordo com o IBGE, 39% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres solo (para saber mais, leia essa matéria). Muitas dessas mulheres foram abandonadas pelos parceiros ou não tiveram o reconhecimento paterno dos filhos.
Por sua vez, o papel dos pais e da paternidade é uma incógnita na nossa sociedade, os acusadores sempre julgam as meninas e mulheres caso elas engravidem, o homem - também agente progenitor - pouco é questionado, sendo absolvido no senso comum, desde as investidas sexuais ao papel enquanto ser social - "pai". O "pagar pensão" absolve o estereótipo de dever do pai, juntamente com os passeios de fins de semana. Para a mulher, no entanto, tudo recai: o filho, a casa, o trabalho, a culpa de uma gravidez não planejada. Até quando?
Até quando a sociedade apedrejará a mulher adúltera? E o homem adúltero? Nunca existiu julgamento na história. "A mulher é a proletária do proletário".
Infelizmente, as mulheres sempre foram colocadas no papel de submissão, criação dos filhos e da casa. Fomos estereotipadas como "mães", belas, recatadas e do lar. Senhoras, matronas, domésticas, dóceis, choronas, sensíveis demais, frágeis, prostitutas, Marias de Magdala, seres diabólicos que sangram todo mês.
Haja visto que vivemos até hoje numa sociedade patriarcal, fálica, que acredita que a mulher adveio da costela de um homem chamado Adão.
Anos se desenrolaram até chegarmos na primeira década do século XX, século das "sufragistas" (mulheres que pediram o direito de votar) e do inicio maciço da mulher no mercado de trabalho, devido a grande guerra.
Atualmente, mesmo com tantas conquistas da nossa causa feminista, as mulheres ainda sofrem discriminação de gênero, baixos salários, assédio sexual, abuso sexual, relacionamentos abusivos e acúmulo de funções domésticas.
Romantizar uma data comercial como o "Dia das mães" ou "Dia das mulheres" requer senso e reflexão, uma vez que vivemos num país cujo machismo é gritante e as desigualdades sociais, de gênero, alarmantes.
Mapa mental sobre o Feminismo |
Dica de Aula
É papel da escola informar, alertar e consequentemente conscientizar. Portanto, é mister demonstrar para os alunos, principalmente do Ensino Médio, que nem todas as mães são felizes, o árduo de ter que trabalhar e criar filhos é hercúleo. Um labor pesado para as mulheres.
Deve-se questionar o papel social e de vulnerabilidade que a mulher enfrenta perante uma gravidez não planejada. Aborto além de ser crime no país, pode ocasionar a morte da mulher - além de não ser uma decisão fácil, gerando marcas e cicatrizes ao longo de toda uma vida.
Deixo abaixo, o documentário "Mães Solteiras" para assistir com os alunos em classe:
Após a exposição do documentário sugiro a leitura do livro "Menina Mãe", da autora Maria da Glória Cardia de Castro.
Pode-se fazer um projeto integrador com filosofia e sociologia para se discutir o papel social da mulher na sociedade atual, as conquistas e os avanços no decorrer da História.
Outrossim, uma das formas de conscientização é a prevenção, acredito que deve-se incluir biologia e comentar os métodos contraceptivos, alertando-os sobre os perigos da gravidez na adolescência.
Deixo abaixo, um pequeno curta para assistir com os alunos em classe:
Que possamos pensar com criticidade todos os estereótipos que nos rotulam, e reconhecer o quanto as mulheres carregam de fardo aquilo que os homens se ausentam em seus papéis. Reconhecendo assim, todos os percalços que muitas mães tiveram para a criação dos filhos, mas criando-os com muito amor e dignidade, apesar das adversidades e da margem que lhe destinou a história. Mudemos!
Comments
Post a Comment